quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Chegada a Bodhgaya


Para chegar a Bodhgaya, resolvi usar avião, já que só teria trem em Kajuraho no dia 8 à noite. Comprei uma passagem para Varanasi e de lá, um trem para Gaya e Bodhgaya, um rickshaw depois.  Sai do hotel em Kajuraho e decidi caminhar até o aeroporto, a quatro quilômetros dali. Após uma indicação errada de um menino numa bicicleta, cheguei na frente de um grande hotel onde dois motoristas de bike rickshaw aguardavam clientes. 

A dupla logo veio falar comigo. Perguntei o preço até o aeroporto, já que faltava menos de uma hora para o check in. Foi o começo da briga. Barganhei e acertei um valor, mas os dois já discutiam quem iria me levar, num arranca-rabo nervoso. Cada um puxou sua bicicleta para perto de mim e gritavam. Mandei os dois à merda e decidi ir andando. O mais jovem ainda me seguiu por um bom tempo, pedindo, de quando em quando, para eu subir no rickshaw. Depois desistiu.

Quando cheguei no terminal entendi porque aquela pequena cidade já tinha um aeroporto (e constrói um novo terminal)Um grupo grande de senhores e senhoras, entre italianos (euros), norte-americanos (dólares), israelenses (dólares, euros e muito mais...), entre outros, aguardava na fila para a revista.
Esqueci de guardar meu canivete, que logo virou souvenir para o guarda bigodudo que fingiu estar tenso por revistar minha mala, após o raio X apitar. Fechou a cara e guardou o presente na sua gaveta.


Kajuraho é mais bonita do céu. O vilarejo logo some entre as plantações verdes, os terrenos secos, os pequenos canais de irrigação, as colinas amareladas e cheias de pedras. Cochilei e babei na camiseta, enquanto lia sobre as livrarias de San Francisco. O avião pousou no aeroporto longínquo e moderno (mais de 20km) de Varanasi. Branco, brilhoso e envidraçado como quase todos os novos aeroportos que já vi. Um grande quadro de buda de um lado, uma pintura das margens da Ganga do outro. Sol e poeira do lado de fora. Decidi esperar mais um pouco, antes de seguir para a estação, já que o trem partiria apenas 21h. Ainda eram 15h.

Sai do aeroporto e em meia hora estava na Varanasi Junction. Logo de cara, não fui muito coma cidade. Ainda foi só flerte, mas com o pé atrás para o retorno. Ainda levei uma escarrada na mochila, que o filho da puta deve ter perdido meio litro. Filho da puta. A estação é feia. Parece uma prisão, escura, cheia de grades. O hall é pequeno e as pessoas, centenas delas, se acomodam no chão, aguardando as informações no letreiro. 

Ainda tinha mais de uma hora até o trem. Fui a um restaurante e mais uma vez vi que o comerciante indiano fica puto e não esconde isso quando você consome coisas baratas.  Pedi um mix de vegetais e um arroz simples. O arroz veio gelado. O preço era pouco, comi, paguei e fui embora. Aguardei na plataforma até o trem parar, com cerca de uma hora e meia de atraso. Era melhor, assim chegava mais tarde em Gaya e ficaria menos tempo na estação até conseguir um rickshaw para Bodhgaya.

A viagem foi tranquila e quando o trem se aproximava, vi que o cara no banco da frente era gringo. Puxei papo e ele ia para Bodhgaya também. Um coroa com nome mais norte-americano possível, Doug. Ele trabalha há mais de 20 anos entre India e EUA, em um instituto. Era minha carona até Bodhgaya. Ao chergarmos na rua, vi que 2h30 da madrugada não desanima Gaya. Calçadas tomadas de comércio a todo vapor. não faltavam rickshaws para os ceca de 10km até a pequena cidade. Mas a carona foi mantida. 

O carro estava silencioso e evitei (com muito sacrifício) falar muito. Umas três, quatro perguntas e já estava na frente de um guest house, indicação do assistente indiano de Doug. 

Acordei cedo e fui para rua tentar encontrar um lugar mais barato do que as 400 rupias que me pediram. Encontrei um turista de Hong Kong. Caminhamos um pouco e ele me deu algumas dicas sobre a cidade. As possibilidades de ficar em quartos nos próprios templos. Existem templos de diversas nações que têm o budismo como umas das principais religiões: China, Tibet, Butão, Taiwan, Japão...



Também me mostrou onde ficam os principais templos. Agradeci e encostei num cyber café, onde estou agora. Ao meu lado, dois jovens monges navegam no cyber espaço. Um joga e o outro, no you tube.


3 comentários:

Paola disse...

Oba, texto fresquinho!

Andrei Bonamin disse...

Ae muito foda sua viagem, arrebenta no mundão!!!

Lucas Marchesini Palma disse...

Sensacional, Moreno. A foto está demais também!